quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Fazendo a travessia.

Fazia tempo que percebia que a vida de adolescente ficava pra trás. É difícil perceber isso. Ela já sabia que viver cercada pela segurança dos pais era coisa de outrora. Que contar sempre com eles era maravilhoso e reconfortante mas nem sempre necessário. Precisava de um voo livre direto para deus sabe onde. Queria cair e poder levantar. E sabia que os tropeços iriam vir aos montes, mas não imaginava tão rápido assim.
As vezes a vida muda sem a gente pedir um sinal a Deus. Tão rápido que quando vemos, não temos muito o que fazer. É esperar cair no chão.
Desse tropeço pra poder levantar vieram pensamentos, dor e decepção. A vida deu um estalo e era hora da adulta seguir em frente.
Pedir desculpas pelos fracassos mas se vangloriar pelas vitórias. Saber que sendo gente não temos como escolher nosso próprio destino.
Lembrou-se de uma frase que gostava de profanar: "as vezes uma coisa boa termina para que uma melhor ainda comece".
E assim vai caminhando, sorrindo, cantando. Imaginando. Querendo. Pedindo.
Talvez já fosse hora de ir embora, de fechar uma porta, de fazer o voo livre. De ficar em seu casulo para depois virar borboleta.
Borboleta é bicho esperto... tem a liberdade de voar pra longe do que faz mal.
O ser humano, por medo da mudar, é bicho burro. Conquistou sua liberdade mas prefere arquivá-la com medo de voar pra longe e não saber voltar.